Eu gostaria de começar este texto dizendo coisas boas. Eu gostaria de começar este texto anunciando somente momentos felizes e boas projeções para o futuro. Infelizmente, uso o tempo verbal correto, a diferença entre o que se deseja e o que se tem é enorme. Quisera eu atenuar os conflitos que me assolam e dizer ao mundo que sou um homem sereno. Porém a serenidade atualmente passa longe de mim, muito longe neste período obscuro em que cada vez mais me consumo. Queria acreditar em melhores dias, mas na atual conjuntura dos fatos, é difícil de acreditar que algo irá mudar.
Não digo essas coisas sem nenhum motivo, pelo contrário, motivos são o que não faltam para resumir a ópera da minha incauta vida de amarguras e decepções constantes. Não gosto de me parecer com um coitado, nem tenho pretensão de sê-lo. Acontece que a imensidade de contrapontos aumentou tanto, que cheguei ao ponto de perder a credulidade nos bons dias. Parece que tudo nessa semana foi impulsionado pela angústia e mágoa. Nunca imaginei que pudesse ter dias tão ásperos como esses. Tanto sofrimento sem sentido que, sem exagero no termo, pensei em morrer, a fim de calar de vez as vozes que me atormentam tanto o corpo como a alma cansada.
Meus problemas se iniciaram há pouco tempo, primeiro com a quebra inexplicável do carro, tão misteriosa que, já passado um mês de caminhada, ainda não foi descoberto o que ocasionou a quebra. Em seguida minha câmera digital resolve fazer queda livre e não resistiu à aterrissagem forçada a que se submeteu. Quando pensava que não teria mais gastos inusitados com consertos dos meus bens, foi a vez do telefone celular me deixar em branco, queimando totalmente a pequena tela de LCD. Dos males, esse foi o menor, pois consegui trocar o aparelho por um novo e com alguns recursos a mais, o problema disso é que mudei de operadora de serviços de telefonia móvel e, assim, perdi toda a minha agenda telefônica e alguns outros dados que estavam salvos no aparelho antigo. Paciência, telefones podem ser anotados novamente e, quanto aos dados, se eu conseguir conectar o telefone ao computador, salvo todos neste. O problema é que há um ano venho inutilmente tentando fazer a transferência dos arquivos sem nenhum sucesso.
Seguindo a máxima de que tudo de ruim tende a piorar, mais acontecimentos infelizes adentraram em minha vida sem ao menos pedir licença ou se apresentar. A maldita obra no banheiro parece não ter valido de nada, pois o vazamento no vizinho continua. Foram vinte dias de estresse com o pedreiro quebrando o chão, reclamando de tudo e me enchendo a paciência para não resolver absolutamente nada. Para agravar de vez a situação, não agüentei mais as reclamações grosseiras do senhor que mora abaixo de minha casa e discutimos de forma exagerada e quase violenta. Tenho certeza de que não perdi um pouco da razão apenas pelo problema atual, muito se deve ao passado de amargura que travamos como inimigos. Pelo que me lembro, desde a infância o convívio com o pai de meu pai foi praticamente impossível. Por isso meus pais saíram daquela casa antes que as interferências mesquinhas e perturbações de toda ordem minasse de uma vez com o casamento deles. Quando retornei a Angra e resolvi juntar minhas tralhas na casa da minha infância, fui avisado que teria aborrecimentos demais para minha parca paciência. Não sou um homem ignorante, muito pelo contrário, sou gentil e educado, abaixo a cabeça para não cair em brigas, engulo meu orgulho para não me indispor com ninguém, mas sou humano, por isso, às vezes, não consigo controlar o que me fere e bole por dentro, às vezes perco a calma e estouro com tamanha intensidade que realmente assusta. Assim o que parecia ser mais um monólogo exaltado do velho tornou-se uma troca de desaforos, em que se disse mais do que deveria. Eu errei em ter caído nas artimanhas do homem vil. Não deveria ter dado ouvidos as suas imbecilidades de homem louco, mas dei e, portanto, tenho que pagar pelo meu descontrole.
Preciso, agora, encontrar um novo lugar para morar, haja vista que continuar na antiga casa da família é inviável e inadmissível. Não só por esse episódio extremamente lamentável, mas devido a uma série de fatores já ocorridos entre nós, tomei a drástica decisão de cortá-los definitivamente do meu círculo social, fraterno e familiar. Que me desculpe meu pai, mas de agora em diante toda a sua família está morta em meu coração. Quando os encontrar por obra do acaso, faço questão de virar o rosto quando passarem por mim, atravessar a rua para não ser obrigado a topar com eles, não um, nem dois, mas todos eles. Tenho até mesmo vontade de fazer um enterro simbólico com caixão e tudo o mais, mas sei que meu pai, que nada tem com isso, ficaria muito triste em saber que eu comemoro o mal aos meus “ex-avós”.
Preciso agora dar rumo a minha vida combalida. Tenho de me decidir se volto ao aconchego da casa dos meus pais ou se procuro uma nova casa para, no momento, alugar. Ainda não me decidi, ainda não faço idéia de para que lugar eu vou. Mas não posso esperar muito, o tempo corre como um velocista olímpico. Saí de casa ontem à tarde. Despedi-me da casa que chamei de lar por 13 anos de infância e 6 anos de vida adulta. Despedidas sempre são tristes, por menor que sejam. A última passeada pelos cômodos em silêncio, mergulhados na escuridão melancólica das janelas fechadas provocou-me uma sensação fúnebre. Não chorei, mas foi por pouco. Em compensação minhas pernas tremeram tanto que cheguei a pensar que estava a ter uma crise de hipoglicemia, mas para meu alívio era só o nervosismo.
Hoje dormi na casa de Mariana. Depois de uma semana sem tê-la comigo, finalmente ela chegou para me fazer esquecer um pouco todos os problemas que têm me mutilado. Logo mais irei para a casa dos meus pais e decidirei com eles qual será o melhor caminho a seguir. Não posso ficar assim por muito tempo, é preciso arregaçar as mangas e lutar por alguma coisa que eu acredite. O problema é que não acredito em nada.
Não digo essas coisas sem nenhum motivo, pelo contrário, motivos são o que não faltam para resumir a ópera da minha incauta vida de amarguras e decepções constantes. Não gosto de me parecer com um coitado, nem tenho pretensão de sê-lo. Acontece que a imensidade de contrapontos aumentou tanto, que cheguei ao ponto de perder a credulidade nos bons dias. Parece que tudo nessa semana foi impulsionado pela angústia e mágoa. Nunca imaginei que pudesse ter dias tão ásperos como esses. Tanto sofrimento sem sentido que, sem exagero no termo, pensei em morrer, a fim de calar de vez as vozes que me atormentam tanto o corpo como a alma cansada.
Meus problemas se iniciaram há pouco tempo, primeiro com a quebra inexplicável do carro, tão misteriosa que, já passado um mês de caminhada, ainda não foi descoberto o que ocasionou a quebra. Em seguida minha câmera digital resolve fazer queda livre e não resistiu à aterrissagem forçada a que se submeteu. Quando pensava que não teria mais gastos inusitados com consertos dos meus bens, foi a vez do telefone celular me deixar em branco, queimando totalmente a pequena tela de LCD. Dos males, esse foi o menor, pois consegui trocar o aparelho por um novo e com alguns recursos a mais, o problema disso é que mudei de operadora de serviços de telefonia móvel e, assim, perdi toda a minha agenda telefônica e alguns outros dados que estavam salvos no aparelho antigo. Paciência, telefones podem ser anotados novamente e, quanto aos dados, se eu conseguir conectar o telefone ao computador, salvo todos neste. O problema é que há um ano venho inutilmente tentando fazer a transferência dos arquivos sem nenhum sucesso.
Seguindo a máxima de que tudo de ruim tende a piorar, mais acontecimentos infelizes adentraram em minha vida sem ao menos pedir licença ou se apresentar. A maldita obra no banheiro parece não ter valido de nada, pois o vazamento no vizinho continua. Foram vinte dias de estresse com o pedreiro quebrando o chão, reclamando de tudo e me enchendo a paciência para não resolver absolutamente nada. Para agravar de vez a situação, não agüentei mais as reclamações grosseiras do senhor que mora abaixo de minha casa e discutimos de forma exagerada e quase violenta. Tenho certeza de que não perdi um pouco da razão apenas pelo problema atual, muito se deve ao passado de amargura que travamos como inimigos. Pelo que me lembro, desde a infância o convívio com o pai de meu pai foi praticamente impossível. Por isso meus pais saíram daquela casa antes que as interferências mesquinhas e perturbações de toda ordem minasse de uma vez com o casamento deles. Quando retornei a Angra e resolvi juntar minhas tralhas na casa da minha infância, fui avisado que teria aborrecimentos demais para minha parca paciência. Não sou um homem ignorante, muito pelo contrário, sou gentil e educado, abaixo a cabeça para não cair em brigas, engulo meu orgulho para não me indispor com ninguém, mas sou humano, por isso, às vezes, não consigo controlar o que me fere e bole por dentro, às vezes perco a calma e estouro com tamanha intensidade que realmente assusta. Assim o que parecia ser mais um monólogo exaltado do velho tornou-se uma troca de desaforos, em que se disse mais do que deveria. Eu errei em ter caído nas artimanhas do homem vil. Não deveria ter dado ouvidos as suas imbecilidades de homem louco, mas dei e, portanto, tenho que pagar pelo meu descontrole.
Preciso, agora, encontrar um novo lugar para morar, haja vista que continuar na antiga casa da família é inviável e inadmissível. Não só por esse episódio extremamente lamentável, mas devido a uma série de fatores já ocorridos entre nós, tomei a drástica decisão de cortá-los definitivamente do meu círculo social, fraterno e familiar. Que me desculpe meu pai, mas de agora em diante toda a sua família está morta em meu coração. Quando os encontrar por obra do acaso, faço questão de virar o rosto quando passarem por mim, atravessar a rua para não ser obrigado a topar com eles, não um, nem dois, mas todos eles. Tenho até mesmo vontade de fazer um enterro simbólico com caixão e tudo o mais, mas sei que meu pai, que nada tem com isso, ficaria muito triste em saber que eu comemoro o mal aos meus “ex-avós”.
Preciso agora dar rumo a minha vida combalida. Tenho de me decidir se volto ao aconchego da casa dos meus pais ou se procuro uma nova casa para, no momento, alugar. Ainda não me decidi, ainda não faço idéia de para que lugar eu vou. Mas não posso esperar muito, o tempo corre como um velocista olímpico. Saí de casa ontem à tarde. Despedi-me da casa que chamei de lar por 13 anos de infância e 6 anos de vida adulta. Despedidas sempre são tristes, por menor que sejam. A última passeada pelos cômodos em silêncio, mergulhados na escuridão melancólica das janelas fechadas provocou-me uma sensação fúnebre. Não chorei, mas foi por pouco. Em compensação minhas pernas tremeram tanto que cheguei a pensar que estava a ter uma crise de hipoglicemia, mas para meu alívio era só o nervosismo.
Hoje dormi na casa de Mariana. Depois de uma semana sem tê-la comigo, finalmente ela chegou para me fazer esquecer um pouco todos os problemas que têm me mutilado. Logo mais irei para a casa dos meus pais e decidirei com eles qual será o melhor caminho a seguir. Não posso ficar assim por muito tempo, é preciso arregaçar as mangas e lutar por alguma coisa que eu acredite. O problema é que não acredito em nada.
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