domingo, 6 de abril de 2008

O FUTURO É AGORA

Abril chegou e com ele boas notícias. Parece que algo está errado, pois eu geralmente não tenho boas novas. Acontece que além das novidades amenas, há também notas tristes, mas hoje, me atenho ao que me faz sorrir. Às vezes precisamos de pequenos lampejos de alegria para sobreviver, caso contrário não nos restará muito na vida com tantas amarguras e pouco, quase nada, contentamento.
As boas começaram com o resultado do Concurso Literário Centenário de Mendonça Júnior, do qual fui agraciado com uma menção honrosa pela crônica Minhas Palavras, um texto que fiz já há alguns meses, refletindo a ingrata profissão de escritor. Não é preciso dizer o quanto eu fiquei feliz por receber o referido prêmio. O que me deixa um tanto chateado é ter o reconhecimento em outros estados e muito pouco em minha própria cidade. A maioria das pessoas que conheço nem imagina que passo meus dias escrevendo como um viciado, não em drogas, mas em palavras. Apesar de não me sair vitorioso pela banca avaliadora, o resultado me abriu as portas que estavam inicialmente trancadas e me fez voltar a ter prazer em escrever. Com o ego já enaltecido, dei uma entrevista ao jornal local Maré, numa conversa gostosa com o amigo jornalista Hugo Oliveira sobre o concurso e crônica em questão. Os resultados foram bem interessantes, pois consegui aparecer na mídia. E o simples fato de estar em um jornal, mesmo que seja uma publicação semanal de cidade interiorana, é motivo para um bom brinde, mas ainda não com champanhe francês. Brindemos ainda com o nacional.
É engraçado ser notícia, ouvir comentários sobre mim mesmo como se fosse outra pessoa. Uma experiência interessante para essa rotina solitária de escrever isolado do mundo, mergulhado num silêncio absurdo próprio. Compartilhar esse processo, explicar o modo como escrevo ou interpretar minhas próprias palavras é um ato atípico de minha parte. Essa não foi a primeira vez que ilustro uma página de jornal, mas desta vez a alegria realmente existiu, e de forma consciente o que é melhor. Espero agora que venham mais premiações e, quiçá, eu me torne figurinha carimbada em periódicos mensais, semanais e diários principalmente.
As novidades gratificantes não param ainda, porque consegui vencer o meu último tormento literário: terminei um romance. Depois de dois meses de trabalho diário, seguindo a máxima de um dia, um parágrafo, consegui dar cabo por inteiro do romance “Intermitências’. O que deveria ser normal, nestes tempos de seca criativa, conseguir finalizar um projeto é uma vitória a ser comemorada, e muito comemorada. Basta lembrar de minhas últimas tentativas que me deparo com inúmeros textos sem fim, parados às vezes antes mesmo de atingir o início do clímax. Porém com este não, pois me dediquei a ele de corpo e alma, desculpem-me o chavão. Livro terminado, vem agora a pior parte: revisar todo o material, a fim de encontrar os erros de Português que me escaparam na hora da escrita e também as incoerências da história. Tão logo o termine, vem a maratona para a publicação. Além do tempo ocioso e muito mais ansioso para saber se alguma editora sente interesse em publicá-lo
Não sei se é o certo a fazer, mas talvez não fique à espera de que algum editor disque o meu número e me faça o convite tanto esperado. Durante minhas pesquisas, voltei a me deparar com editoras sob demanda e fiquei curioso. Depois de algumas leituras nos sites dessas prestadoras de serviço, gostei do que li na Corifeu. Ainda não me decidi, mas é certo que eu entre em contato com o seu atendimento ao cliente para esclarecer alguns pontos e, quem sabe, bancar eu mesmo a publicação inicial do “Intermitências”, a fim de travar um primeiro contato com o público. Fiz as contas e o investimento não será tão alto para uma tiragem bem pequena. Não quero cometer a loucura de pensar grande demais e depois me arrepender com um encalhe maior que os meus sonhos. Pensei em começar com um número inexpressivo e, à medida que as vendas forem aumentando, pedirei mais exemplares, assim não terei que me preocupar com onde guardarei tantos volumes de um livro que não foi vendido. Tenho até o dia vinte deste mês para decidir o que fazer, se o envio para uma das editoras que já contatei em outras vezes ou se assumo sozinho os riscos de uma publicação independente. O grande problema é ter eu mesmo que fazer as vendas, promover o livro, despertar o interesse do leitor com apresentações, procurar me expor ainda mais na mídia para melhorar as vendas. É um trabalho que requer tempo, e tempo atualmente não é o que tenho de sobra. Isso me assusta um pouco. Mas preciso arriscar, chega de esperar por alguém que faça tudo por mim, porque eu sei andar com minhas próprias pernas.

2008, 03 de abril

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