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segunda-feira, 9 de junho de 2008

DEPOIS DO FESTIVAL DE TORMENTAS, A CALMARIA VEM

Finalmente as coisas começam a acontecer positivamente em minha vida. Parece que depois do festival de tormentas, a calmaria vem, ainda que lenta, se aproximando. Toda angústia antiga se esvai como água ralo abaixo.
A noite hoje é silenciosa. Nem mesmo os automóveis passam pela minha janela. Isso mesmo, a minha janela, o que me resta depois de perder o apartamento — que é meu — no quarto que ganhei na casa de meus pais. Mariana dorme ao meu lado, alheia a tudo, descansa o corpo cansado depois da festa de ontem e uma noite muito mal dormida em conseqüência da fartura das horas acordada. Perco-me ao vê-la dormir. Tão indefesa e frágil como uma criança. Os olhinhos fechados, a respiração serena... é incrivelmente linda. E toda a sua beleza me rouba a atenção, leva-me o tino. Passaria a vida inteira fitando-a dormir como um homem encantado pela sereia mais perfeita levando os marinheiros à ruína. Mas em meu caso, a ruína é o paraíso, não machuca, cura a alma enferma de saudades infindas. Poderia, e deveria, estar deitado ao seu lado, agarrado ao seu corpo, esquentando-me com seu calor, mas estou aqui escrevendo sem grande necessidade com o intuito de acordar mais tarde, junto com ela, como não nos acontece há tempos graças a minha insônia ridícula.
Mariana é meu bálsamo, verdadeiro refúgio em tempos caóticos. Brigamos às vezes, como qualquer casal, discordamos de vários assuntos, enxergamos o mundo por ópticas diferentes, divergimos de opinião em várias situações, mas isso só nos prova que não somos iguais, felizmente. Se tantos são os pontos conflitantes, maiores são os de sincronia. Basta olhar para o seu sorriso e me desfaço de qualquer mesquinharia, raiva ou indiferença. Mariana me tem em suas delicadas mãos, e isso é um perigo, mas me trata com o mesmo cuidado que dedico a ela. Nosso sentimento é uníssono, igual, dividido por nós na mesma carga emotiva. Embora tudo conspirasse para que nossa relação fosse um fiasco e, além de não durar muito, nos trouxesse, principalmente a mim, sanções dolorosas tanto na vida pessoal quanto na profissional, mostramos, não que quiséssemos provar nada, ao mundo e às más línguas que acertamos nos nossos desejos, que aquilo que nos tirava o ar não era o fogo ardente de uma paixão vazia. Não, não era. O que nós tínhamos e temos é amor, um sentimento de doação, companheirismo, amizade, alegria e ternura. Olhamos para a mesma direção de mãos dadas e juntos. Parafraseando Drummond, também vamos não com o sentimento do mundo, mas com o sentimento do nosso mundo. Quando feridos, curamo-nos dos males que nos causam dor. Recuperados do desgosto, reerguemos as sólidas bases do nosso amor e continuamos os passos rumo ao desconhecido incerto... Incerto? A vida é incerta, mas ao lado dela até mesmo as incertezas são certas.
A noite é lenta e vagarosa. O silêncio um nostálgico convite ao pensar. Mariana dorme ao meu lado alheia aos meus delírios. Um sorriso bobo se desenha em meu rosto e meus olhos brilham sinceros de plenitude e satisfação.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Imprevistos acontecem

Imprevistos acontecem. Há dois dias havia dito que escreveria sem pausa e fecharia, no mínimo, três capítulos. A idéia era essa; e também acreditei que fosse conseguir, uma vez que estaria isolado em meu mundo particular; nesta sala de paredes marrons e móveis mogno, com meus poemas prediletos fixados nas paredes a minha volta como um mural poético; os pôsteres de Kathy Bates em Misery e uma reprodução belíssima do Overlook Hotel manchada de sangue; com fotos minhas e de Mariana sobre a mesa de trabalho; centenas de livro novos e velhos... ah, o cheiro dos livros, nada como o aroma das páginas envelhecidas. Se eu pudesse encheria o escritório com volumes antigos, pois tenho paixão pelas folhas recolhidas em sebos e saldos que esbarro pela vida em minhas caminhadas displicentes. Por falar nisso, acabei de manusear um exemplar de “A Capital”, de Eça de Queirós, publicado pelos Irmãos Lello, Lisboa, 1914. O valiosíssimo material me custou a bagatela de R$ 1,00. Comprei-o de um senhor que vendia discos de vinil e livros, segundo ele, velhos, em um carrinho de supermercado. Às vezes encontro em minhas andanças preciosidades como essa, por exemplo.
Sem fugir do assunto, previ a paz textual, mas não cumpri. Mariana viajou somente hoje, portanto os dias que me dedicaria ao lapidar das palavras foram substituídos por mais algumas horas dormente aos braços dela. Não estou reclamando, muito pelo contrário. Os instantes que me dedico a ela são impagáveis e insubstituíveis. Nada me é mais caro do que fazer a presença diária seja ao telefone, seja pessoalmente. Portanto, amigos, perdoem-me a sinceridade, mas entre paixões de vida, os braços acolhedores de Mariana ganham em disparada de qualquer que seja o concorrente, inclusive o texto.
Mas antes que pensem que joguei dois dias fora, adianto-me em dizer que consegui escrever um pouco, não muito com deveria, mas o suficiente para fechar um capítulo. Agora Judith espera acordar para descobrir o seu destino imutável (imutável?! Será mesmo?). Acredito que com o que escrevi o andamento de minha parte acelere o processo, basta para isso que me empenhe mais na empreitada... porém ainda me é penoso encarar o computador por mais tempo do que o gasto aqui contando minhas histórias, às vezes tediosa, outras interessantes.
Assistimos ontem a um filme interessante: O Amor Pode dar Certo, cujo tema era o relacionamento entre duas pessoas em estado terminal, vitimadas pelo Câncer. Filmes que abordam essa maldita doença mexem comigo sobremaneira. Não sei se porque passei por uma experiência com a morte, devido a alguns tumores em minha coluna vertebral há alguns anos, chorei como criança perdida numa selva cheia de lobos vorazes.
***
Não terminei o texto, pois meu tempo havia se esgotado. Antes que o terminasse, fui passar o fim de semana com os avós de Mariana no Rio. Assim, a postagem ficou um tanto quanto incompleta, mas amanhã, assim que voltar do trabalho (o recesso acabou para meu desgosto profundo), prometo escrever algo que preste e valha a pena ser lido.
Um forte abraço aos fiéis amigos e um olá carinhoso para os que vêm chegando.