Não sei se é por que estou um tanto quanto triste, deveras chateado com o andar inapropriado da carruagem onírica das minhas ilusões que revisitei algumas canções que me arrebatam o peito descontente e me forçam lágrimas em muitas vezes compulsivas. A Tristeza é inerente às vontades, revolve o corpo e impregnam um mal estar constante. Hoje até mesmo o tempo colabora ao tom dos meus ais. Faz frio como há muito, as nuvens cinzentas estão baixas no céu e a chuva é iminente. O vento é fraco, mas gélido; arrepia os pêlos dando uma sensação térmica muito abaixo do que realmente é. Apesar de ser cedo, tenho a impressão de que o meu crepúsculo logo se aproxima e cobrirá tudo com um pálio sombrio e assustador. Tenho medo.
As músicas relacionam-se intimamente com nossos sentimentos, sejam eles bons ou ruins, provocando uma intensificação dos nossos momentos. Particularmente, ligo-me as de tom harmônicos e letras de profunda tristeza e desilusão da vida, do amor, dos relacionamentos, principalmente do fim dos relacionamentos e das amarguras impregnadas no cerne do homem sentimentalóide, eu mesmo. Algumas músicas entram em uma sintonia tão fina com nossas dores que temos a sensação de que foram feitas para nós, de que falam de nossos problemas, de que conhecem os motivos implícitos, por vezes evidentes, de nossas mágoas.
Incrivelmente certas músicas são atemporais, outras superam os limites do cantor, e ainda há aquelas que o conteúdo textual é, em primazia, uma perfeita composição literária digna de excelente poesia. Por tal motivo escrevo este pequeno texto, além, é claro, da sombra tênue que rouba meu sorriso. Fiz uma pequena seleção musical para alimentar, como dizia Cesário Verde, “o meu desejo absurdo de sofrer” e dentre as minhas escolhas, encontrei inspiração, na verdade uma mola motriz, para enfim quebrar a abstinência textual que me persegue cada vez mais forte. “Feelings”, de Morris Albert, iniciou a tormenta, em seguida ”O mundo é um moinho”, de Cartola, cantada pelo meu poeta contemporâneo predileto, Cazuza, além de outras que anexo neste lamento, praticamente me obrigaram a estancar os olhos orvalhados e produzir sobre minha amargura lacerante. Um saldo positivo dentre tantas negatividades.
Ao final desta overdose de músicas tristes e ora apaixonadas, se faz mister saber se erguerei a cabeça e me preparo para enfrentar as vicissitudes ou me conformo e vazo a cabeça definitivamente com um projétil plúmbeo.
Alberto da Cruz
2007, 22 de agosto
O Mundo é Um Moinho - Cartola
Não Vá - Sandra De SáSonhos - Peninha
Vida Minha - Peninha
Preciso Aprender a Ser Só - Marcos Valle/Paulo Sergio Valle
Fênix - Flávio Venturini / Jorge Vercilo
Carta - Toranja
Dá-me Ar - Toranja
Adeus Você - Marcelo Camelo
Além Do Que Se Vê - Marcelo Camelo
Quem me leva os meus fantasmas - Pedro Abrunhosa
Piano Bar - Humberto Gessoger
Gota D’Água - Chico Buarque
Falando Sério - Roberto Carlos
Os Outros - Leoni
Espumas ao Vento - Fagner
Estranha Loucura - Alcione
Lanterna dos Afogados - Herbert Vianna
Quase um segundo - Herbert Vianna
A cançao tocou na hora errada - Ana Carolina
Vestido Estampado - Ana Carolina
Mentiras - Adriana Calcanhoto
Esquadros - Adriana Calcanhoto
Como nossos pais - Belchior
Diga a ela - Thedy Correia
O Pastor - Pedro Ayres Magalhães / Rodrigo Leão / Gabriel Gomes / Francisco Ribeiro
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Algumas canções: meu crepúsculo
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