domingo, 19 de agosto de 2007

Transitoriedade, tudo é adaptação

Acostumamo-nos a tudo na vida. Nada é eterno, apenas dura o tempo necessário para que aprendamos algo, seja com aspectos positivos, seja com aspectos negativos. Tudo é transitório, não podemos, pois, nos habituarmos tanto com as situações, relacionamentos ou bens materiais que possuímos, pois, sem eles, ainda temos vida, e devemos levá-la sempre da melhor maneira possível.
Abro aqui um parêntese. Os amigos, que me conhecem de longa data, devem pensar que alguma coisa me aconteceu ou, talvez, que eu esteja enfrentando um momento de alucinação ou pane-mental; afinal, eu, Alberto da Cruz, refletindo positivamente sobre transitoriedade da vida não é muito comum. O que posso dizer, e confirma minha tese, é que tudo é adaptação. Obviamente não deixei de lado minha peculiar soturnidade, nem tampouco abdiquei do meu jeito sorumbático (lindo adjetivo) de ser, mas diversos fatos me fizeram encarar a vida com uma óptica menos pessimista, dando chances a um otimismo bobo. Não se assustem, porque ainda sou o mesmo, apesar de diferente (?!).
Pensei agora há pouco nisso. São quatro da manhã, eu acabei de guardar o PUG na garagem (em breve falarei dele) e vinha “subindo a serra, cego pela serração”. Em curtos flashes, minha vida amena passou pela minha cabeça como fotos num álbum virtual. Fases da vida e as suas mudanças. Em pouco tempo o rumo mudou tão completamente que chega a assustar. Sem enumerar os fatos por ordem de importância, passemos por algumas reviravoltas.
Apegado a família, em 2000 deixei a segurança da casa de meus pais para me aventurar na fria Valença. Quando voltei, não esquentei lugar e em menos de um ano não era mais solteiro, tampouco meu antigo quarto me acolheu. Casei-me cedo e fui seguir meus passos, pensando em não sei o quê. O casamento não deu certo e me separei rapidamente, depois de diversas frustrações que não cabem aqui. Separado, não demorei muito para me apaixonar perdidamente de novo. Num curto espaço de tempo, Mariana entrou em minha vida (e espero que continue por tempo indeterminado) e fez tudo mudar novamente. Pela primeira vez experimentei as sensações boas de uma relação, apesar do nosso complicado início, e este mês fazemos um ano desde que experimentei seu hálito em minha boca. Desnecessário dizer que até me acostumar com seu jeito tão diferente do meu e de outros fatores cruciais que muito pesaram em nosso romance sofri as duras plagas da adaptação. Mas essa batalha foi vencida, e muito bem vencida. Se hoje não somos perfeitos, nem um casal modelo, pelo menos temos, do nosso jeito, uma nota harmônica bem bonita. Do costume da vida a dois para a vida solitária, talvez tenha sido o mais difícil ato deste teatro, mas, mais uma vez, com dificuldades, estou me habituando ao silêncio, ao tamanho da cama, ao almoço sozinho e, o principal, à paz que tanto ansiei nos momentos de crise.
Materialmente, automotivamente, o mesmo se deu, do corsa que tanto padeceu em mãos impróprias, mas que me cativava um sorriso, ao honda civic, o marmita, que elevou meu status e inflou meu ego, ao peugeot 306 que me encantou. Dirigir um carro novo é sempre complicado nos primeiros dias, assim foi com os dois últimos e não é diferente agora. Preciso me adaptar ao novo. Questão de tempo e prática.
Dizer que não fiquei triste quando passei para as mãos do vendedor a chave do japonês brilhoso seria uma mentira deslavada. Quando o dirigi pela última vez hoje, tive a sensação de que deixava um grande amor para trás. Mas a vida é assim, não é mesmo? Ao menos pude pisar fundo uma última vez e sentir o vento me balançar o cabelo.
Um prazer indescritível!!!

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