segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Uma semana daquelas



Felizmente a semana acabou. Entramos agora nos últimos dias de agosto, o mês do desgosto. Chega a ser hilário, pois eu nunca acreditei muito em certas crendices como essa, mas as tempestades do oitavo mês do ano me comprovaram o quanto as previsões estavam corretas. Logo nos primeiros dias já imaginei que seria um período difícil, pelo lado financeiro principalmente, porque passei dos limites bancários no recesso com uma imensidade de gastos não previstos e ainda um verdadeiro prejuízo com o civic, o que de fato me levou a vendê-lo, apesar de, no fundo, não querer me desfazer do sonho automobilístico da juventude. Fi-lo por não querer mais ter as dores de cabeça constante, nem ser motivo de alegrias para o mecânico. O que gastei com o bendito em um ano poderia facilmente quitar as prestações que faltavam no banco. Mas não adianta ficar lastimando o desfecho da novela. Ele se foi e espero que ainda sobreviva por mais alguns anos, pois guardo ótimas recordações dele, apesar dos contratempos e certas decepções que o potente carrinho me fez ter... mas algumas lembranças ficaram impressas na memória e jamais se apagarão, disso tenho certeza. Além disso, os débitos constantes e a dívida com os cartões chegando a níveis exorbitantes fizeram com que eu segurasse um pouco os gastos e ter mais controle sobre meus impulsos capitalistas. Agosto tem sido um mês complicado, mas, próximo do fim, espero respirar aliviado nos próximos dias.
Com todos esses entraves, tornou-se praticamente impossível dedicar-me a qualquer outra atividade. A cabeça pesa diariamente uma tonelada e me faz prostrar sem conseguir ler, estudar, escrever e trabalhar bem. Minha saúde também afetou, além do corpo fatigado, meu pensamento. Acabei por me enfraquecer e cai de cama nesta infeliz semana. Quase não trabalhei, e quando o fiz, fiz mal, muito mal.
No lado afetivo, as coisas também não acorreram bem ao meu favor. Embora alguns momentos tenham sido pinturas perfeitas, ou excelentes poesias, brigas por pequenos e insignificantes detalhes acabaram por minar o que poderia ter sido, e não foi, um perfeito fim de semana. Não é novidade dizer que eu e ela brigamos novamente, basta que saíamos um dia para que nossa noite termine em uma discussão cansativa às quatro da manhã. Dessa vez, ao meu contentar, não estava com o carro, novo e muito zelado ainda, portanto exagerei nos copos que levei a boca na sexta-feira e terminei, depois de muitas palavras duras, com a cara enfiada no vaso do banheiro de Mariana, pondo para fora tudo o que ingeri no dia. Passando muito mal, não pude voltar para casa e terminei por dormir fora. Fazia tempo que não tinha uma boa noite de sono, lado positivo, pois acordei revigorado... Precisava disso, afinal a sexta foi uma sucessão de momentos cansativos: dentista pela manhã, lavar dois carros à tarde, voltar a trabalhar no último dia produtivo da semana, no turno da noite ao meu pesar... e para finalizar uma tentativa frustrada de diversão no Caiçara, ao som de violão e cerveja. Não havia como terminar bem.
Problemas resolvidos, tudo transcorria bem até toparmos com outro mal-estar: Paraty, Festa da Pinga, Zeca Baleiro, eu sem dinheiro, Mariana irritada. A soma de todos esses fatores nos levou a outra briga, mais uma para nossa coleção.
Há quem se espante com tantos desentendimentos, mas mais do que eles, há as reconciliações e os momentos plenos de harmonia entre nós, e esses são impagáveis, indizíveis, indescritíveis, incríveis. Portanto mesmo que ainda estivéssemos chateados um com o outro, acabamos por vir aqui para casa e, no marasmo que essa casa é, principalmente num sábado à noite, resolvemos assistir a Psicose II(faltam ainda as duas últimas continuações agora) e melhoramos um pouco o astral, embora houvesse ficado um clima tenso entre nós, causado por vontades e limitações diferentes. Hoje nos vimos somente há pouco, mas, aos meus olhos, tudo caminha para uma reconciliação plena, afinal passamos poucos, mas bons momentos juntos.
Outra nota ruim é que, como não consegui nenhum texto de “Tragédias Cariocas”, de Nelson Rodrigues, não pude escrever a crônica pedida pela Nova Fronteira, em conseqüência não fiz o curso, tampouco participei do concurso literário, cuja premiação fizera meus olhos brilharem. Felizmente, uma nova oportunidade me surgiu e, dessa vez, vou esforçar-me ao máximo para cumprir o prazo estipulado para a entrega do material: dois contos e dois poemas. Acredito que chegarei à conclusão desse projeto em tempo hábil, mas tenho a impressão de que não conseguirei alcançar meus objetivos, embora, obviamente seja a minha vontade e salvação financeira.
Vejamos aonde o barco me levará. Espero que seja para um porto muito seguro, ou temerei o naufrágio de minha nau neste mar inescrupuloso editorial.

Alberto da Cruz
2007, 26 de agosto

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