sábado, 19 de maio de 2007

Não há nada de ruim que não possa piorar


Certo, mais um dia sem que nada tenha sido feito em favor do texto. O “post” de hoje engloba dois dias: sexta-feira e sábado. Dois longos dias de ócio e tédio brigados com a produção. Já chega a parecer brincadeira tamanha enrolação, tanto tempo para escrever um simples parágrafo, mas nenhuma simples frase foi escrita... nem digitada, nem manuscrita. Claro, devem estar a pensar que me falta o compromisso, pelo contrário, penso no texto diariamente e a todo momento, mas na hora “h” nada sai; o dia “d” parece nunca chegar. Até quando, senhor dos desgraçados, serei condenado ao limbo da página em branco?!
Bem, sexta-feira quem me roubou o tempo e a paciência foi o carro. Perdi toda a manhã tentando descobrir por que diabos o líquido de arrefecimento do radiador desaparecia sem deixar pistas e, consequentemente, por que aquela fumacinha branca saía por debaixo do capô depois que eu voltava da rua. Como não sou mecânico, fiquei só nas especulações, nada mais. Mas acreditem, no fundo eu achei que conseguiria resolver o problema com fé em que as peças se reparassem com minha força de vontade. (tá bom!)
à tarde, resolvi assistir ao Libertino, apesar de o Jean ter me desestimulado a perder meu tempo com esse filme por se tratar de uma obra de gosto duvidoso e trama arrastada. Só por desencargo de consciência, permaneci prostrado no sofá assistindo ao poeta dizer “Vocês não vão gostar de mim”. Mas eu gostei. Vi o filme inteiro de uma só vez, coisa rara, pois na maioria das vezes ultimamente, sou obrigado a voltar um bom pedaço graças aos meus cochilos (e como tenho dormido!). Tão logo terminou, entrei numa espécie de transe, excitado e pensativo. Foram cerca de trinta minutos cismando a vida. Que diabos fazemos com ela, não é mesmo? Construímos tantos sonhos para no fim acabarmos na podridão. Bom filme.
Pensei em escrever algumas idéias que tivemos quinta sobre o Conto Conspiratório, dando continuidade à cena em que Judith (a personagem que me encarreguei de dar vida) dá um fora em Euan (o outro protagonista da história, escrito pelo Jean), mas acontece que a noite chegou rápida e, com ela, a boemia veio ainda mais célere. Assim, o texto ficou para quando eu voltasse para casa. Sim, achei que daria para escrever depois de uma noitada de sexta, porque Mariana tem curso sábado, logo estaria cedo em casa. Ledo engano.
Fomos ao Caiçara e entornamos o balde, chutamos a bodega e nos encharcamos literalmente. Para piorar, um Zé Mané me fez o favor de encher o bolso da minha camisa de Coca-cola (Vá lá entender?). Como a cerveja não parava de vir, perdemos a hora. Três da manhã, ainda estávamos na rua... e, para piorar, fomos a um lugar proibitivo a qualquer pessoa em sã consciência, mas isso façamos o favor de esquecer.
Obviamente cheguei a minha casa mais morto do que vivo, portanto nem pensar em computador, texto ou coisa parecida. Morguei mesmo.
Acordei hoje com o gosto amargo de guarda-chuva. Sem dores na cabeça, mas um mal estar bizarro. Primeiro pensamento: escrever? Não, levar o carro para a oficina e deixar de ser teimoso. Foi aí que minha cabeça quase explodiu. “Meu amigo, queimou a junta do cabeçote. cem por cento. Não há mais nada a fazer. Tem que trocar. A peça? É, amigo, vai ser meio difícil encontrar. Sabe como é, carro importado, não vai ficar barato, não”. Preciso dizer o tamanho do palavrão que mandei? Acho que não.
Voltei amargurado para casa e perdi meu precioso tempo procurando a porcaria da peça no Mercado Livre. Duas horas depois, finalmente encontrei. Uma facada sem precedentes, mas já era, tenho que pagar pelo meu orgulho. Afinal de contas, quem está na chuva é para se molhar. Eu me molhei, peguei uma tempestade do século (Stephen King mesmo, “Dê-me o que quero e irei embora”?) sem o guarda-chuva, capa ou qualquer outra porcaria para amenizar a torrente.
Como não tinha cabeça para escrever, ataquei à coleção de DVDs. Assisti a uma adaptação de Beowulf pior do que aquela do cara que fez o Highlinder (nesse eu dormi umas três vezes).
Bem, a noite chegou de novo e a boemia me chama. Dependendo da hora que eu chegar e, principalmente, do meu estado depois de algumas cervejas e conhaques, devo escrever o fim do romance de Judith e Euan. Se eu conseguir fechar esse capítulo interminável hoje, já me dou por satisfeito; e terei certeza de que o negócio vai engrenar de vez. Por falar em engrenar, lembrei-me de engrenagem e por conseqüência da porcaria do Civic parado lá na garagem...
Pensamento positivo, pensamento positivo. Alguma coisa tem que dar certo no final. Façamos figas, usando pés de coelhos no pescoço e banhos com galinhos de arruda... sem contar sal-grosso atirado por cima do ombro.

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