quarta-feira, 20 de junho de 2007

Segurem a linha soldados!

Eu só posso dizer que meu exercito entrou numa guerra de trincheira sem tamanho. Meus soldados resolveram abrir seus "buracos de raposa" e ficarem por lá, até o miojo ficar pronto (que no caso deles devem ser uns 30 anos. Porque eu sempre considero que e a segunda guerra mundial. Nesse caso eu poderia considerar a primeira, que aumentaria em uns 20 anos. Mas é sério: vocês já viram descrições de batalhas da world war one? Se der mole a guerra da Secessão foi animada). Meus pensamentos ficam saltitantes porem não avançam 1 angstron sequer!(gostaram da referencia a ciências?anh?anh?). Eu tenho todas as idéias formentadas na cachola, mas na hora de escrevê-las eu acabo por parecer um comandante muito do pongó! Mas tudo bem; pelo menos o inimigo é imóvel. Mas não vou vencê-lo se ficar imovel junto dele. Ainda tenho um resto de dia para tentar.

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Um adendo cultural e um adendo filosofico:

Terminei de Ler um livro interessante. Ficção cientifica técnica. É do mesmo escritor de Jurrasic Park e notariamente um bom escritor(menos por mim até então): Michael Crichton. O livro em sí se chama O Enigma Andromeda que trata de invasão alienigena mas de um jeito bastante cientifico. Então nem esperem homenzinhos verdes nem nada.
Apesar de ser uma leitura muito densa, o exercicio de lê-lo é muit prazeroso, apesar dos quilos de termos tecnicos expalhados por todo lado. Entretanto o final é uma porcaria. Mas não culpo o autor. Louvo essa tentantiva no livro por tornar o sci-fi bem mais acessivel - com paretenses bem colocados e o temas bem colocados. Mas faltou um pouco de "escritor" nessa história. Mas ainda sim vale a leitura.

Vi uma série de filmes e li uma série de artigos nesses ultimos dias que me fez novamente refleti um bocado de coisas:

Radicais, não importa o lado que estejam, são uns manés! Sério. Não que isso seja novidade em minha mente mas essa série de histórias que absorvi me fizeram repensar nisso.
Vi agora pouco um filme sobre eco-chatos querendo parar com construções na California. Tudo bem que eu não sou a pessoa mais indicada para falar de ecologistas, mas o radicalismo que era representado no filme era assombroso! Tanto que numa parte do filme, um personagem mais capitalista pergunta:
-Mas se não construirmos...onde vamos colocar as pessoas? .
A personagem Eco-chata responde: - "Essas pessoas não deveriam estar aqui. Já existem pessoas demais".
E ia fazer o que com as pessoas? Matá-las? Não que eu não acredite que existam muitas pessoas aqui. Concordo plenamente que existem pessoas demais na terra, porem as que já existem precisam de toda nossa ajuda. O mundo ainda é suficiente até para mais pessoas! Existe e existirá tecnologia para isso. O Problema existe mais para uma frase que Gandhi disse e só posso reproduzir infielmente : "Se a Inglaterra precisou de meio mundo para prosperar, quantos mundos precisariam para Índia prosperar?". O progresso é um conceito inconsistente. Não precisamos crescer sempre. Precisamos é de um equilibrio que permita que todos possamos viver nessa bola no meio do espaço sem sentido.

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O que acontece quando se Junta um Anarquista e uma entidade Metafísica? Basicamente um conto conspiratório, esse blog, e uma sorte de futuros projetos.
Estou falando disso porque nosso bravo amigo Juninho justamente nunca deixou de ser um Anarquista(oi,oi) e eu não sei exatamente se existo além de explicações dialéticas. Acho que essas conjecturas surgiram numa conversa por msn e me fez lembrar o quanto não nos distânciamos de nossas raizes. Podemos ser podados e tudo mais. Podemos até virar bonsais. Mas nossas raizes estão lá.
A Analogia em sí é super besta mas valeu a intenção. Porque nossas raizes definem muito do nosso potencial e sempre nos lembra que podemos crescer infinitamente mesmo. E por mais que nosso exterior seja um agora. Ele pode ser outro depois.
Então sempre nos lembraremos do anarquista e do metafísico.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Tanto faz não satisfaz o que preciso

Estou mal. Nada me apetece ou acalma o espírito e a consciência tão cansada de maus-tratos diários. Na verdade, estou farto de tudo, inclusive desta estúpida e malfadada vida amena, sem motivos e entediante. Nada me é tão horrível como acordar e deparar com o dia amanhecendo; ver toda a minha soturnidade se dissipando com a luz enfastiante do sol em minha janela e recaindo sobre meu rosto marcado de desilusões.
Não gosto dos sonhos, falsa ilusão de que as coisas estão bem quando não estão. Cansei de me esforçar para construir fabulosos castelos de areia, tão lindos e perfeitos que quase se pode afirmar que são verdadeiros. Cansei de ver as ondas destruírem tudo que me empenhei em fazer. Deveria, pois, esculpi-los longe do mar, distante das forças nervosas que me matam os sonhos, mas tolamente insisto nos mesmos erros de outrora. E agora, a maldita onda derrubou outro sonho.
Às vezes me pergunto sobre as coisas que faltam em minha vida sôfrega, mas nunca tenho uma resposta conclusiva. Parece-me que vivo alimentando decepções que poderia facilmente esquecer. Eu poderia caminhar sozinho sem me preocupar com o que me tenta a alma inquieta, mas sou tão inapto a seguir as trilhas seguindo minha louca vontade que me perco em divagações desnecessárias, ávido por compartilhar meus passos com outrem.
Afinal, por que essa vontade absurda de escrever, compartilhar, despir-me diante todos e vender por uma ninharia quem eu realmente sou? Por que continuo com essa idiotice de “literaturar”, de sentir, de amar, de me corroer, de me arrepender, de morrer lentamente quando cada palavra se perde no processo hediondo da composição, se gasta e enjoa?
Meu violão está mudo, talvez por andar desafinado, talvez pela minha incapacidade harmônica, talvez porque seja o certo a se fazer. Desde que voltei do Rio não escrevi uma linha. Um mórbido penar me agarrou as loucuras e tomou minhas pretensões. Nada fiz além do poema “Não foi feito para durar”, que brotou magistralmente numa fria manhã de sábado... e só porque eu estava ainda mais triste do que agora a composição veio à luz. Gostaria, mas, essa tristeza que me acompanha há tempos, não é possível de definir. É algo que nasce abruptamente em mim, rompe meu desejo e me toma completamente, inviabilizando a construção de qualquer ato trágico ou cômico na minha peça derradeira. Antes eu conseguia canalizar essa angústia e reverter-lhe em poesia; hoje, quando apetecido de tal desgraça, nada consigo... a não ser deixar penosas lágrimas escorrerem maculadas em minha face repleta de infelicidade atroz. Assim, o inimigo maior das minhas obrigações sou eu mesmo, eu e meu egocentrismo ridículo (salve o hedonismo latente!).
Cada vez que olho para o lado, o desespero que me consome aumenta demasiadamente. Sobre a mesa, uma pilha enorme de trabalho me espera e, como “ela”, eu a deixo de lado, juntamente com os prazeres saturados e a vida estancada num emaranhado amargo de desespero.
Agora ouço coisas melancólicas, e por vezes bregas. Havia pouco cantarolava “Teatro Mágico”, mas a laceração aumentou a tal ponto que me vi, em seguida, insuflando o peito e fazendo ecoar a melodia depressiva de Alcione. Já é mais do que conhecido que quando a “Marrom” canta aos meus ouvidos é porque estou a um passo de vazar as têmporas com um projétil plúmbeo. Pena eu não tê-lo, ao menos a chama se apagaria e a dor findaria de vez.
Uma mistura de frustração, raiva e desolação me empurra cada vez mais para um abismo imensurável, infinito. Sinto o corpo cair e a vontade se perder no ar. Queria poder gritar, urrar meu tormento e dizer tudo o que preciso, mas me controlo, apenas fechando a expressão para que eu mesmo saiba o quanto me arde e abrasa a mente, o coração e a loucura insana de querer o que não posso ter (maldito espelho!).
Escrever... nem isso me acalenta; nem isso me faz sorrir ou me sentir menos estúpido e culpado por desperdiçar, não só o meu tempo, como também o de outras pessoas. Espero, portanto, que essa angústia logo passe e eu possa voltar a ser quem sempre fui, pois há uma necessidade em mim de expor os sonhos destruídos antes que não sobre mais nada das falsas esperanças que crio inutilmente.
Não quero dizer que acabou, não ainda, mas os fonemas já se articulam em minha boca... por enquanto sem que emita sonoridade, mas com muita atenção se é possível ver os lábios desenhando a palavra final.
O cigarro queima, as cinzas caem...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Chora! De volta à realidade



Como é difícil voltar à realidade depois de um maravilhoso e quase perfeito fim de semana. Havia tempos que não experimentava tantas emoções num curto espaço temporal como agora. Acredito que já conheçam a máxima que ninguém escreve quando se está bem; há tantas coisas melhores para fazer do que inventando histórias sobre nossos sonhos (às vezes são pesadelos). Assim, larguei mão da melancolia e fui viver a vida tal qual ela se desenha, nem que seja por poucos dias, mas se faz mister aproveitar o pouco que nos sobra.
Nesta feriado prolongado, dois dias foram mais do que especiais (não, não foi quinta), sexta-feira e sábado. Momentos diferentes e reações diversas fizeram a alegria do sofredor. Primeiro, em ordem cronológica, em comemoração à “Crônica de Fim de Ano”, aquela noitada especial no Caiçara, ao som do violão e mesa cheia... cheia de cerveja. Para aumentar ainda mais minha estranha euforia, ouvi Refrão de Bolero, sem sotaque gaúcho, mas emocionante. Perdi a conta dos copos que levei à boca, mas não o caminho de casa.
Dia seguinte, acordar cedo, preparar a mala, ajeitar coisas pendentes e seguir meu rumo: Rio de Janeiro, Lapa, Fundição Progresso, Los Hermanos. Saímos de Angra por volta de 13 h,chegando ao Rio pouco mais das 15 h. Depois de uma rápida passada no apartamento da Luisa, fomos comer, mas não antes de nos munirmos com garrafas de cerveja. A comicidade iniciou, pois era, no mínimo, estranho ver alguém comendo um misto frio (sempre), tomando café ao mesmo tempo em que bebia cerveja. Pelo menos nisso eu e Mariana combinamos perfeitamente; ela comeu seu queijo-quente bebericando Skol.
Estômago forrado, nos restava encarar a fila para o show. Agradáveis horas de espera. Aqui, juro, sem ironia. Foi bacana esperar na fila entre tantos outros fãs hermânicos. Conhecemos uma paulista que esperava também, simpaticíssima. Esse talvez tenha sido o ponto negativo da noite, pois ela estava completamente sozinha, ficaria conosco se não tivéssemos nos desencontrado durante as revistas dos seguranças da Fundição. Passamos um bom tempo tentando localizá-la, mas por nos faltarem meios e pelo número demasiado grande de pessoas, a tarefa foi inútil. Uma pena! Até agora lamentamos por a termos perdido de vista.
O show foi fantástico, triste pelo tom de despedida, mas alegre ao mesmo tempo. Acredito ter sido, se não o, um dos momentos mais emocionantes de minha curta vida. Engraçado, pois durante a maior parte do tempo, fui capaz de conter as lágrimas que teimavam em escorrer de meus olhos, mas quando os gritos de “Pierrot, chora” eclodiram fazendo com que a Fundição tremesse, debulhei-me em verdadeiras “Lágrimas sofridas”, imerso numa emoção nunca antes sentida. Amei.
Depois da apresentação, a noite ainda nos rendeu hilárias histórias, como uma volta alucinante em uma Kombi insana, uma bagunça às quatro da manhã no supermercado Pão de Açúcar e uma macarronada que comecei a fazer, mas dormi durante o preparo. Tudo foi perfeito, por isso dormi depois de tantos meses com um sorriso maroto em meu rosto, que teima ainda em me decorar a face.
Assim, não ousei escrever nenhuma linha nesses dias. Ainda influenciado por tão bela experiência, até mesmo este texto está sofrendo a ser escrito. Deixei correrem os dias para que pudesse ajeitar o pensamento, mas em vão. Hoje é dia dos namorados e só tive cabeça para pensar em Mariana, nada mais. Porém, amanhã a vida segue e devo retornar às atividades normais, escrevendo o que deve ser escrito: Conto Conspiratório, dois contos de terror, um conto erótico; além de revisar alguns outros textos, inclusive uma crônica já vendida.
“Qual foi o lucro obtido?”

segunda-feira, 11 de junho de 2007

De volta a Valsa

Deve ser notório que tem sido só o ilustre amigo Juninho quem tem postado religiosamente nesse dito projeto conjunto e isso é verdade. Porém isso já é mentira e é passado e propaganda inimiga. Voltei depois de tropeçar no terceiro compasso no baile do Strauss (vem que vem que vem Strauss!)(A valsa já deve ter sido o funk de alguma cultura). E melhor: renovado a começar uma "semana do horror hardcore supremo". Passarei essa semana inteira totalmente dedicado a escrever sem parar, a não ser para poucas atividades essenciais. De resto, será um esforço herculoide para ultrapassar os limites da imaginação cooporativa literária. Vou começar terminando as cenas do conto conspiratório. Estou com meu personagem num jeopardy(que é uma palavra que não tem tradução direto no português que significa "diante de uma situação perigosa e fundamental de ser resolvida") que vai dar todo o tom de paranoia pra coisa. Como havia falado antes...se não me engano. Mas enfim; cada palavra deve ser milimétricamente intuida pra gerar um horror - Mas um horror paranoico e denso, nada a ver com terror - que difulcultará a leitura de muitas pessoas a noite. Tá, não chega para tanto mas deve ficar em algum lugar por ai.

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Alguém ai pode imaginar um filme que possa reunir o Danny DeVitto, Angelina e Brad, Silvester Stallone, Peter Petrelli e um figurante qualquer como protagonistas? Isso foi resultado de sanduwiche de presunto, coca-cola, 3h45 da manhã jogadores de RPG no fim de partida. Resolvemos num dialogo solto e cheio de risos quem interpretaria quem num filme sobre nossa história. Os risos foram todos devido ao sr. DeVitto. Mas isso era de se esperar. E não tem anão no grupo. Seria um filme interessante: Meio Monty Python meio discoworld. Mas não uma pelicula que alguma empresa se interessasse em fazer. O que é uma grande pena.

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Durante a semana hardcore darei pequenas entradas no blog informando os avanços das tropas.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Conta Comigo e a decepção latente

Esperei anos para rever um filme que nunca mais passou em nenhum canal, pelo menos que eu tenha encontrado na grade de programação, ou encontrado em DVD aqui nesta terra estranha esquecida por Deus. Mal pude acreditar quando meus olhos leram, displicentes, “Conta Comigo”, adaptação do conto The Body, de Stephen King, presente, se não me falha a memória, no livro Quatro Estações.
Parei tudo que o que fazia para assistir a essa espetacular história de amizade, mas exultei. Não posso ver o filme hoje. Qualquer dia seria perfeito, mas hoje é impossível. Na verdade, essa é uma grande desculpa para minha covardia. Não quero vê-lo. Parece-me heresia saciar o desejo que me alimenta faz tanto tempo numa segunda-feira, há menos de duas horas para o trabalho. Como um coito interrompido, teria que parar o deleite para o banho, além de também chegar atrasado à escola. Não posso fazer isso, não com Conta Comigo e toda a história que nos envolve. Ele, “Eclipse Total”, “O Aprendiz” e “It, a obra prima do terror” são os meus mitos platônicos. Embora já tenha visto todos, quero ter a plena satisfação, um orgasmo perfeito, a pequena morte revendo-os calmamente, sem interferências de qualquer sorte; apenas eu e a tevê, mais nada, como se o mundo parasse ou deixasse de existir.
A televisão ainda está ligada. Ouço do escritório as vozes, a música, o clima, mas não volto à sala...
Retornei do trabalho, mas não dei nenhuma aula. Levei minhas turmas para assistir a um debate do SAPÊ e, sinto dizer, muito aquém do que eu esperava que fosse. Pelo menos torço para que tenha servido de alguma coisa para aquelas pobres mentes.
De volta a minha casa, resolvi o tema de minha tese para o mestrado em Literatura Brasileira. Sei que será uma tarefa complicada, mas prazerosa. Optei por um comparativo interessante entre Mersault, de “O Estrangeiro”, do maravilhoso Albert Camus, e “Estorvo” e “Budapeste”, do genial Francisco Buarque de Hollanda. Começo amanhã a releitura dessas três fantásticas obras para me lançar ao trabalho de pesquisa.
Mas nem tudo são flores. Depois de um final de semana perfeito, tive um desentendimento com Mariana ao telefone. Confesso que fiquei tão triste com nossas duras palavras, não é desculpa, que foi impossível pensar em escrever qualquer frase. Perdi completamente a linha de raciocínio e, indubitavelmente seria ridículo forçar o texto, pois o resultado, afirmo, seria o pior texto da minha vida. Por isso, tão logo desligamos o telefone, fui para a cama, com a cabeça mais pesada do que quilos de chumbo sobre o meu pescoço.
Hoje é outro dia, mas ainda guardo ressentimentos. Acredito que não tentarei escrever por saber que não será o que me propus ou tenho de fazer. Às vezes é melhor dar uma pausa em tudo, alienar-se de qualquer que seja, a fim de sanar as dores mentais.
Volto ao texto o quanto antes, pois agora o tempo corre célere e contra minha insignificância diante dos fatos. Havia vários textos para escrever antes, agora existem outros mais, incluindo um conto erótico prometido a Luisa.
Torçamos para que tudo se ajeite logo, pois não há um minuto a perder, embora eu esteja jogando fora horas preciosas por capricho e orgulho ferido.

domingo, 3 de junho de 2007

A vida é uma noite depois da orgia


São duas da manhã de domingo, está um frio de matar e eu ainda acordado, esperando não sei o que para dormir. Ao meu lado, uma xícara de café bem forte e o cinzeiro esfumaçando com cigarros que me esqueço de fumar. Pode parecer decadente, mas são elementos simples como esses que me fazem contente. Depois de certo tempo, de ter experimentado tantas coisas na vida, pequenos momentos sem nenhuma alusão épica enternecem o coração de um homem.
Cheguei há pouco da casa da Mariana. Como ainda estou sem minha extensão, preciso urgentemente a me habituar sem carro, Eugênia me trouxe até aqui sob a chuva chata que cai desde cedo. Hoje preferimos não sair, pois estamos completamente acabados depois de ontem. Assim, tentamos assistir a “Kinsey, vamos falar sobre sexo”, mas o sono foi tão mais forte que nossa vontade que inevitavelmente dormimos no sofá. Acho que somente a Luisa conseguiu sustentar suas pálpebras, enquanto o DVD girava no aparelho. Pelo que me lembro, vi exatamente uma hora de filme sem cochilar sequer um minuto, mas depois disso, recordo-me de poucas cenas. Acordei, não com as letrinhas do cast, mas com as imagens de acasalamento de animais ao término da história. Triste, pois o filme é realmente bom.
Antes de começarmos a ensaiar o cochilo no sofá, conversamos sobre Albert Camus e o existencialismo. Citei até umas passagens de “A morte feliz” e “A queda” como prelúdio para o melhor de todos, na minha modesta opinião, “O Estrangeiro”. Poucos livros me marcaram tanto como esse último. A idéia de ser um estrangeiro no próprio mundo, ser tão alienado com as coisas a nossa volta ou, simplesmente, a indiferença com os acontecimentos que regem nossas vidas me levaram a uma boa reflexão sobre o que tenho feito atualmente com minha existência. Ela é tão sofrida porque os fatos acontecem independentes de nossas escolhas ou sou eu que a quero assim? Ainda não consegui formular uma conclusão convincente sobre o assunto. Gostaria de ouvir sinceras opiniões.
Fora esse bom período, meu dia foi arrastado. Mas já esperava por isso, afinal a festa sexta-feira foi uma loucura. Não me lembro da última vez que bebi tanto. Enquanto Mariana estava lá, comportei-me bem, apesar de termos brigado (já virou rotina), bebi moderavelmente, sem cometer excessos, apesar de ter misturado cerveja com dry martini. O problema se deu quando Mariana foi embora, já disse aqui que ela estuda sábado de manhã. Fiquei com a Luisa o resto da festa, opa, essa frase ficou ambígua. Corrigindo, fiquei na companhia da Luisa o resto da festa, bebendo tudo o que havia resguardado antes. Resultado: depois que fomos expulsos da casa da Gabi, não que houvéssemos feito algo criminoso, mas a hora era bem adiantada, fomos ao píer continuar nossa diversão. Estava bem até que começamos a molhar a boca com licor de menta. Sim, molhamos a boca para evitar o ressecamento até a garrafa chegar a metade. Pronto, perdemos a linha.
Iria dormir por lá mesmo, mas na volta e Lu nos desencontramos. Cheguei a sua casa sozinho e não quis chamar, temendo acordar a vizinhança. Dormi entre o carro e as flores da varanda como um mendigo no meio da rua, sem teto para o salvaguardar do frio. Pronto, a miséria começou. Resolvi voltar a pé para casa. Aos trancos e barrancos, vim.
Não me lembro muito bem, mas o caminho foi cheio de obstáculos. Isso inclui uma batida com o rosto num poste, pisar num cachorro e ainda cair no colo de uma mulher que nunca vi na vida.
Acordei péssimo. Não conseguia distinguir nada. Minha cabeça doía, meus ossos pareciam estar quebrados e meu olho direito tão inchado como se tivesse levado uma surra.
Com a ressaca torturando minha mente, escrever como eu pensei que faria tornou-se impossível, inviável, impraticável. Cada pensamento meu parecia uma agulha de tricô perfurando meu cérebro. Um simples movimento de cabeça me dava a impressão de que faria a massa encefálica escorrer pelos ouvidos. A cefaléia, que nome bonito para dor de cabeça, por pouco não me levou à loucura.
Sem conseguir olhar para a luz. Não tive coragem de lançar os olhos além das janelas. As cortinas cobriram tudo, fazendo com que a escuridão me acalentasse. Senti-me um notívago; uma criatura infernal que se esconde da claridade celestial. Eu era um vampiro acordado em pleno dia, temeroso de ser incinerado por uma simples luz.
Quando melhorei, nada melhor de que um filme para passar o tempo. Assisti a Casanova. Confesso que fiquei frustrado, pois foi muito aquém do que eu esperava. A adaptação é uma aventura cômica, cheia de passagens infantis; mas me divertiu um pouco.
Terminada a sessão pipoca, adormeci sonhando leviandades, obscenidades e outros qualitativos duvidosos.
Vejamos o que acontece hoje, mas antes de começar o dia, já faço idéia do que me afastará da composição textual. Fim de semana é mesmo difícil de se escrever seriamente qualquer coisa que preste. Culpa do meu romantismo boêmio, não há como negar. A vida é uma noite na taverna, enfastiada depois da grande orgia.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Quase que o PC apareceu em público


Mais um dia em minha vida cômica, apesar de sorumbático. Ontem, Jean esteve aqui em casa para nossas conversas e trabalhos semanais sobre o romance e pudemos discutir alguns elementos pendentes acerca da trama.
Como de praxe, fiz o jantar. Dessa vez o prato foi uma bela macarronada com requeijão (o catupiry de pobre). Em meio às garfadas e discussões sobre a melhor forma de se fazer macarrão, além das heresias cometidas no degustar da pasta, conseguimos adiantar as idéias e estabelecer mais cenas.
Finalmente parece que esses encontros surtiram efeito em mim, pois escrevi duas páginas bem interessantes (coisa que não acontecia há muito tempo). Consegui criar o clima que eu queria no momento em que Judith é levada à mansão da sociedade secreta. Pareceu-me sentir, tal qual ela, o gosto da terra e o frio rasgando minha pele, enquanto a pobre era levada contra sua vontade para as garras daquela estranha seita. Já sinto pena da protagonista, o que a espera nos gigantescos arredores da mansão não será nada bom para sua sanidade e dignidade. Adoro escrever cenas de sexo, ora sensuais, ora grotescas, ora excitantes como num livro erótico... e é isso que vai acontecer. A inocente Judith vai conhecer todo o tipo de depravação e humilhação sexual naquele lugar, é inevitável. Bom é que estou vibrando com isso.
Acredito que a partir de amanhã já comece a trabalhar essa parte da história. Mal posso esperar, porque as ações já estão mais do que desenhadas em minha cabeça, parece até que ganharam vida e estão prontas para sair.
Hoje, ao contrário de ontem, não escrevi nada além deste “post”, mas também conseguimos rir um pouco, na verdade muito, da minha miséria. A primeira gargalhada se deu na sapataria. Como de hábito, Jean virou meu consultor de moda. Tudo começou quando ele me convenceu a parar de usar tanto roupas pretas há alguns meses. Assim, obviamente, fomos os dois comprar sapatos. Depois de demorar uma eternidade para escolher os modelos (é, sou muito indeciso mesmo), veio a desgraça. Perguntei ao vendedor, meio sem graça, se havia número 38. Seu olhar já me disse tudo, provavelmente não teria. Esperei. Enquanto isso notava um sorriso cínico brotando no rosto de meu amigo. Concluí, aflito, que viria uma piada com o tamanho dos meus pés. Dito e feito, assim que o vendedor chegou, dizendo não haver meu número, os dois começaram a brincar comigo. Não tinha quase nenhum modelo 38 na seção adulta. Infantil?! É verdade, mandaram-me procurar na infantil. Mas Deus é pai, não é padrasto, acharam dois pares 38 escondidos no depósito. Ufa!
Da sapataria para a Taco. Pelo menos lá as vendedoras são bonitas e simpáticas. Na verdade isso é uma forma apelativa de vender, pois aqueles sorrisos bonitinhos conseguiram me convencer a esvaziar os bolsos, comprando muito mais do que o meu real objetivo. Mas antes de assinar o recibo do cartão de crédito, mais algumas piadas, dessa vez quanto ao meu manequim.
“Você quer experimentar a M?”, disse a vendedora.
“Não, quero a P”, respondi sob os olhares piadistas de Jean.
Ela me ofereceu, para meu desespero, calças em seguida. Pronto, pensei, vai começar a sacanagem. Como eu imaginava, ao perguntar sobre o número 36, começaram as risadas. Daí em diante, foi uma verdadeira farra, comigo obviamente, dentro da loja. Resumindo, falaram tanto do meu tamanho que, por pouco, não mostro o PC para os dois. Iria ser lindo!
Bom, agora vou ao trabalho, quatro tempos de Português. Depois, festa de aniversário da Ana Gabriela. Escrever hoje será impossível, até porque Jean e eu estamos levando Gin e Martini para fazermos uns bons drinques para o pessoal, já que comprar uísque para vagabundo beber misturando com refrigerante é heresia... e beber uísque nacional é mais triste do que ouvir todas as lamúrias do dia.
Conto Conspiratório agora, só amanhã, dependendo, é claro, do nível de ressaca e do gosto de guarda-chuva.